sábado, dezembro 29, 2007

Amazónia e Pantanal


e chego ao quinto septénio, dos 29 aos 35 anos, de Maio de 2001 a Maio de 2008, se tudo correr bem. A 25 de Julho de 2001 partimos para o Brasil. Do extenso "diário de um aventureiro em busca do primitivo" que na altura escrevi, escolho este excerto:

A Selva cristalina
Após uma estrada de pó vermelho, rodeada de fazendas e pastagens de gado sarapintadas de cupim, chegamos, quase entramos de ônibus, numa abertura da mata: um rio imenso surge por detrás de uma imagem de beleza inesquecível. É esta a porta de entrada para um mundo à parte, agora sim, ‘longe de tudo’.
Separados por três barcos, subimos o Teles Pires, entramos no Cristalino, rumo à selva profunda. Sentimentos? Somos Costeau, aventureiros amazónicos... é o regresso às origens, à magnitude do selvagem, ao mistério do primitivo. Percorremos as veias de Gaia, numa extasiada emoção, afastando da cabeça a voz que nos chama loucos. A viagem é por demais maravilhosa!
Chegamos ao nosso acampamento na selva, na verdade um lodge, onde somos recebidos por uma iguana que protege os seus ovos, indiferente aos animais que chegam de outro hemisfério. Afogamos os nossos receios em caipirinhas. O medo da selva, do desconhecido, do bicho que pica e come... que rasteja e é peludo, que nos espreita constantemente... é forte. Mas estar aqui, rodeados de muitos km de selva, sem carros, sem prédios, sem civilização alguma... cercados por um verde denso, repleto de sons e sombras... é indescritível.
O Cristalino, o ‘nosso’ rio que corre para o Amazonas, é uma grande cobra de águas escuras, serpenteando pela Selva. Junto a ele estivemos a ver as estrelas e o imenso céu, iluminado por uma lua que não sabemos se cresce ou descresce. O brilho dos olhos, reflectindo a luz das lanternas, denuncia os jacarés, que somamos à já longa lista de “figurinhas”.
Já à luz de velas (o gerador apagou-se) termino estas linhas, sem querer deixar de recordar o rosto belo de felicidade da Marta, subindo o rio, dizendo-me ser este talvez o sentido para a minha vida: o de manter sempre acesa esta coisa linda.

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