domingo, dezembro 25, 2005

Estejas onde estiveres...


... quero que saibas que este é o Pai Natal mais lindo que alguma vez vi. Tenho tantas saudades de quem o fez...

quarta-feira, dezembro 21, 2005

segunda-feira, dezembro 19, 2005

Hoje decidi deixar de ver televisão



Assim, sem mais nem menos... qualquer estranha reacção provocada no meu organismo será aqui relatada...

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Preciso de uma tripla (conto de Natal)

[chegado do Brasil, acrescento um post... prometo voltar ao Brasil e à análise biográfica, muito em breve...]

Chegado à Ibéria, procuro o bacalhau para matar saudades e a luz para carregar. A senhora da limpeza, de sorriso matreiro, mostra-me onde encontrar a luz no aeroporto da Portela. A senhora do balcão poupa-me 35 cêntimos e diz que é uma prenda de natal. Distante, não responde ao meu desejo de boas festas.

Sento-me para comer e a árvore apaga-se. Será que alguém repara numa árvore de luzes apagadas? Sinto-me, talvez estupidamente, culpado de crime. Fará alguma diferença uma árvore de plástico com luzes apagadas, num mundo tão cheio de luzes brilhantes e vivas? Enquanto como o bacalhau e "carrego" o computador com energia natalícia, persegue-me este pensamento. A árvore parece-me um abismo negro que tudo engole.

Leio a Pública. Fala da Etiópia e de mulheres bombistas. Sinto que a resposta à minha pergunta é não. Forço-me a acreditar que a energia que entra no meu computador poderá fazer a diferença neste mundo tão cheio de injustiças, muito mais que uma hipócrita árvore de natal. Há tantas missões para quem estiver disposto a ser escolhido por elas! Leio "A Vida dos Pardais" e parece-me que talvez não seja assim. A optimista afirma confiante que gosta "da alegria das crianças, das luzes nas árvores, da ideia de que, quando Dezembro chegar ao fim, nos será dada a possibilidade de apagar os nossos erros e recomeçar tudo outra vez". Será mesmo assim? Sinto-me novamente culpado, um desgraçado que feriu (mortalmente?) o natal com a sua ânsia de energia.

Parcialmente recarregado, apago o computador e ligo a árvore. O mundo volta à normalidade.
Aproveito para fazer as minhas promessas para o novo ano.

11.12 11:12

sábado, outubro 15, 2005

Pequeno demais...

... ou será que o mundo à minha volta é que era grande??? Parece que tenho uma geração própria... todos à minha volta são bastante mais velhos, estão noutra onda que tento acompanhar mas que me resiste...



a começar pelos irmãos...



... pelos primos (olá avó! olá jinho! olá cláudia!)



e acima de tudo pelos vizinhos (olá a todos, Novitch, Jinho, Paula e Paulo, Nanducha, Anita, Nini, Sãozinha, Lau e Manuela!)...

em síntese, não tenho ninguém com quem brincar... os outros é que brincam comigo como se fosse uma curiosidade, nem sequer uma mascote, apenas um brinquedo, com mais ou menos sadismo conforme a disposição (reparem nas expressões!!!)... sim, sim, gostam muito de mim, é um facto... mas a comunicação é impossível...
ei! anybody out there?! hello???!



... no meio desta malta só mesmo à pistola para me defender
(hoje faço 4 anos)...



... e no meu quinto aniversário não parece que a coisa tenha melhorado (aliás, é algo que me acompanha durante muito tempo... na praia em Mindelo, nas passagens de ano... colado aos amigos dos irmãos... acabei por crescer isolado e rápido, tentando perceber aquele mundo estranho sem nunca entender o meu próprio por falta de "semelhantes"...)

Irmandade




Bem, vamos a alguns dados biográficos:

Pedro Adélio Costa Macedo
Nascido a 05-05-1973, pelas 23h, no quarto n.º 208 da Ordem da Trindade
Pesava 3,2kg e media 53cm (com 21 dias)
(na fotografia acima com 1 ano e 4 meses)

irmão de (na imagem):
Paulo Adélio Costa Macedo
Nascido a 22-02-1967
Paula Clara Costa Macedo
Nascida a 25-09-1970

filho de:
Adélio de Oliveira Macedo
Nascido a 15-03-1939, em S. Pedro de Rates (Póvoa de Varzim)
Maria Clara de Sequeira e Costa de Oliveira Macedo
Nascida a 01-10-1942, no Porto

que me conceberam no dia 13-8-72, segundo reza a lenda, na Serra da Estrela: "Senti o céu se abrir, os sinos tocar, a vida começar!"

sexta-feira, outubro 14, 2005

Micro e macro




Mas é na água que se faziam as verdadeiras descobertas (hoje, como sempre, o frio desperta para a vida), mais precisamente nas "pocinhas"...

(micro mundo vivo)
(mar imenso)






Sozinho é que se está bem?

Partida à descoberta



Sempre determinado, sempre cauteloso... com a certeza de que no meio do deserto branco haveria sempre de encontrar alguma coisa para brincar...

E finalmente o mundo...




Nascido no Porto por circustância, com morada em S. Mamede de Infesta (Matosinhos), foi na casa de férias no Mindelo que comecei a descobrir o mundo...

Análise Biográfica - Primeiras sensações



E pronto... estou cá fora (e o meu pai nem desmaiou nem nada). A relação com a minha mãe ficou logo definida para toda a vida... apertos e mais apertos... excesso de zelo e mimo... (mãe, não me estou a queixar! afinal, mãe é mãe...). Como poderia eu conseguir/querer fugir a estes (a)braços tão fortes?

Análise Biográfica - Ainda na barriga



OK, esta não é ainda uma memória minha... ou será que sim? Mas comecemos pelo início. Neste momento estou na barriga da minha mãe... ao lado do meu irmão Paulo, 6 anos mais velho do que eu. A minha irmã Paula, três anos mais velha, será apresentada em breve... (alguns comentários ficam reservados para a minha mentora, sorry... isto afinal é a internet, né?? mas se me pagarem um copo...)

Análise Biográfica - prólogo

Ao som do jazz de Diana Krall, dou o primeiro passo de uma longa caminhada chamada "análise biográfica". Irei reviver todas as minhas memórias, desde o primeiro dia... estás convidado(a) a acompanhar o processo... não é que eu veja muito interesse, para além do meu próprio (ficar a conhecer-me melhor) e o da minha mentora da análise, que me está a usar como cobaia dos seus conhecimentos recém adquiridos (cá vai Fátima, estás pronta?).

Bicicletada (quase) noctuna






Praia de Mindelo ao cair da noite, acompanhando os primeiros sinais do Outono...

Castanhas assadas ao Sol



Devo dizer que mesmo eu, um ambientalista convicto, fiquei deveras surpreendido! Acabei de assar castanhas no forno solar e ficaram particularmente deliciosas (tenho testemunhas).

Colocado o forno ao sol, foi só esperar 2 horas. Ficaram exactamente como que assadas no forno (com casca estaladiça e saborosas) com a única diferença que não gastei nenhuma energia. Bem, se o pessoal da EDP for todo à vida com a gripe das aves, graças aos castanheiros das redondezas e já que sol não falta, não morrerei à fome!!!

segunda-feira, outubro 10, 2005

E para o Grande Porto...



Analisando os resultados dos candidatos vencedores (basicamente não houve mudanças...) verifica-se uma queda muito significativa do Fernando Melo e do Macedo Vieira, bem como do Guilherme Pinto (face ao Narciso Miranda) e uma subida do Rui Rio. Apesar de uma pequena descida, o Valentim Loureiro é agora o grande campeão. Todos irão governar com maioria absoluta...

E para Mindelo...

Na eleição para a Junta (a cores) e esquecendo desta vez a abstenção... a queda muito significativa da coligação PSD/CDS deve-se obviamente em grande parte ao PND, que surge como uma força partidária "de respeito"... mas a votação do PS ainda assim é superior à soma PND + PSD/CDS. O BE obtém uma votação superior à da CDU.
Nas colunas sem cores é indicada a votação em Mindelo para a Câmara Municipal... neste caso a maioria vai para o PSD/CDS. De facto o "efeito Cardoso" é muito significativo...

Os resultados como eles são em Vila do Conde

Vitória arrasadora para o PS, com subida face a 2001
Abstenção é a "segunda força partidária" mas com queda significativa
PSD/CDS mantém-se
CDU idem
BE duplica votação

domingo, outubro 09, 2005

E o vencedor é.....

Mindelo: Cardoso (PS)

programa vencedor

Câmara, em Mindelo: Santos Cruz (coligação PSD/CDS)

sábado, outubro 08, 2005

Previsões para as eleições

http://pam.home.sapo.pt/imagens/eleicoes.jpg

ATENÇÃO!!! Siga a ligação por sua própria conta e risco. Não nos responsabilizamos pela sua reflexão.

Pura futurologia matemática... não reflecte as minhas expectativas nem os meus desejos, apenas as minhas brincadeiras com os resultados das eleições desde 1997. Fiz umas contas e cheguei a este resultado... vamos a ver se fico longe da realidade ou se tenho carreira como bruxo. Não é baseado em inquéritos ou sondagens e definitivamente não é propaganda.
Fica aqui o desafio a outros bruxos da praça... apresentem as vossas previsões e vamos fazer apostas. Ganha quem tiver a menor soma dos valores absolutos das diferenças entre as previsões e a realidade, para os 4 partidos.

quinta-feira, outubro 06, 2005

Primeiro e último debate?


(texto escrito para o Terras do Ave a propósito do debate com os candidatos à Câmara)

As campanhas eleitorais são momentos ruidosos. Tão intensos que quase ocultaram três acontecimentos recentes verdadeiramente notáveis em termos ambientais na nossa região. Um foi a inauguração da nova Central de Compostagem da LIPOR. Grande parte do nosso lixo vai deixar de ser queimado para ser transformado em fertilizante. Pelo impacte que vai ter, e mesmo pela sua qualidade em termos tecnológicos e estéticos, está para o ambiente como a Casa da Música está para as artes. O segundo foi a inauguração da linha amarela do metro. Em menos de 15 minutos fui do pólo universitário até ao centro de Gaia, num veículo de luxo. Numa região onde tantos dramas diários estão relacionados com a travessia do Douro, merecia melhor destaque.
O terceiro acontecimento foi justamente o exercício notável de democracia traduzido no conjunto de debates organizados por 10 organizações não governamentais independentes com os candidatos às Câmaras de Marco de Canavezes, Matosinhos, Porto e Vila Nova de Gaia. O nosso Concelho fechou este ciclo no passado Sábado e posso dizer que foi o debate que correu melhor. Primeiro porque estavam presentes todos os candidatos, que assim deram provas de espírito democrático. Foi a única vez que se encontraram todos “ao vivo” para um debate construtivo de ideias e acho que o objectivo foi atingido. Em segundo lugar porque o público aderiu em peso e com grande civismo. Se tivesse pedido para se retirarem todos os ambientalistas activos e os militantes das várias candidaturas, ainda assim a sala continuaria cheia.
Foram duas horas em que especialistas colocaram questões sobre urbanismo, biodiversidade, agricultura ou cidadania. Não cabe aqui neste espaço tecer considerações sobre todas as respostas.
Não posso contudo deixar de falar sobre a Reserva Ornitológica de Mindelo, para esclarecer duas conclusões fundamentais do estudo realizado pela Universidade do Porto, por encomenda da Câmara Municipal. Quanto ao interesse da área, ficou provado que é mais do que local, regional ou nacional. É universal! Existem aqui espécies que não existem praticamente em mais local nenhum do mundo. Já para não falar do “carácter pioneiro” ou do “notável património de prática de educação ambiental e participação das populações”. Outro assunto é a questão da classificação da área e da melhor forma de a gerir. Aí o estudo é taxativo: “defende-se a criação de uma Área de Paisagem Protegida” (que legalmente implica um pedido de classificação por parte da Câmara) e considera-se fundamental que a sua gestão seja “assegurada pela administração local (em concreto, pela Câmara Municipal de Vila do Conde), em articulação com a administração central e com a Universidade do Porto”.
Chegou a hora de avançar. A entrega de um pedido de classificação para a ROM deverá ser a primeira acção a desempenhar pelo futuro presidente de Câmara. Para acabar de vez com o clima de indefinição que está a fomentar toda a política, literalmente de terra queimada, que está no terreno.
E para que daqui a quatro anos não optemos por projectar o filme deste debate (em que todos os candidatos defenderam a importância da área), em lugar de realizar um novo para discutir outros temas.
Uma última referência às questões do público. Não houve tempo para responder a todas, mas foram transcritas e enviadas para os candidatos. Se as respostas chegarem em tempo útil serão colocadas em http://www.amigosdomindelo.pt/, juntamente com os restantes elementos lá colocados sobre as propostas dos candidatos.
Está expresso na Constituição da República Portuguesa: o Estado de direito ambiental é um Estado democrático, que se constrói com o envolvimento e a participação dos cidadãos. No próximo dia 9 vote com consciência… ecológica.

domingo, outubro 02, 2005

A Praxe: Um Cancro no Seio da Universidade


Ora que belo texto encontrei no Terras do Ave. Parabéns ao Luis e ao Nuno. Vasculhei nos meus arquivos e encontrei este cartaz que andei em tempos a distribuir pela FEUP juntamente com uns amigos... belos tempos. Já agora fica a sugestão, assinem o manifesto.

Ordem dos Engenheiros



Se quiseres saber porque nao gosto da Ordem dos Engenheiros, segue este link. Sei lá, apeteceu-me pegar com eles... cambada de burocratas desagradáveis.

quarta-feira, setembro 28, 2005

free your mind

Flying away on a better skies
Lost in dynamites of heaven
Spring is in the air tonight
And in the lakes, between the paradise and the earth

Hard to forget we are all humans
And when we fly
In this burst of laughter

When we fell what we love
And love what we do
Nothing can stop us

When we can smile
As a giant rainbow
In the own sense of heaven

When a drop of rain is nothing
But a short moment in a child’s heart

When the skies around us
Are just reminders
Of our own God light presence

When we are truly connect with the One
At the top of the ocean
In the crust of a wave

So much at a heartbeat’s desire
And the truth of our own destiny
When we fell what we love
And love what we do
Nothing can stop us

Endless skies are way down destiny
Cluster of helping hands are all around us

The life is pounding to an own realm

Wishes are served on a silver plate
Dare to dream and get carried away
By the sound of your own inner magic

We will be there
The Gods of your presence
When you fell what you love
And love what you do

Because life is made for you to mould it
And love is a life to be lived
And love is a life to be lived

Endless skies are running in the night
Do you feel the magic?
We can alter the world
All is one

We are here to conquer whatever we want
Free your mind and we’ll have a beautiful night
Free your mind and we’ll have a beautiful night

terça-feira, setembro 27, 2005

Uma viagem feliz de metro, embora com fim azedo

Escola Superior de Biotecnologia, 14h30. Saio a pé em direcção à estação do metro do pólo universitário. Primeiro desafio, comprar bilhete. Safei-me porque estava uma menina simpática da empresa do metro junto à máquina e disse-me o mais difícil de descobrir para um caloiro: z2? z3? z4???
Nem 2 minutos de espera e lá entrei no metro. Com o caminho até à estação, mais bilhete, mais espera, são 14h45.
Depois de muito túnel, de repente estou na ponte D. Luis (UAU!!! como o Porto é lindo!) e às 15h00 já estou a sair em General Torres, mesmo em frente ao tribunal. Seguiram-se 15 minutos kafkianos, como só se podem ter num tribunal... mas isso é assunto para outro post. às 15h15 estou de regresso à paragem e às 15h18 apanho o metro. Menos de 15 minutos depois (15h30) já estou no pólo universitário.
Percorro a pé, no meio de nuvens de pó, o caminho até à ESB pela zona em obras. O meu estranho jeito de ser faz-me espreitar para o fundo das condutas em cimento que espreitam aqui e ali. No fundo, triste, corre a ribeira da Asprela, com um forte cheiro a esgoto... não se percebe a razão de a ter enterrado... nem se percebe porque não enterrar o metro nesta zona, já que ele faz o percurso da ponte D. Luis até aqui sempre por túnel...
Enfim, balanço económico: viagem custou 80 cêntimos (comprei andante e 2 viagens, o que deu 50+80*2=2,10). Como fiz tudo em menos de uma hora só paguei uma viagem... Ao chegar comprei garrafa de água por 1 euro. O litro de gasóleo está a 1,021 euros.
Dica final: porta de saída da ESB mais directa é a do fundo do parque de estacionamento... se estiver aberta! que não foi o caso... pelas obras é demasiado pó.
Em síntese: viagem rápida (demora-se 15 minutos da Asprela até à Câmara de Gaia), agradável e relativamente económica. Bem melhor do que ir de carro.

domingo, abril 03, 2005

Vaca barrosa foi apanhada após 4 semanas de fuga

2.º e último episódio desta saga única em terras de Vila do Conde



Finalmente foi apanhada a vaca barrosã que tinha fugido de Macieira da Maia no dia 23 de Janeiro. Depois de percorrer quase metade das freguesias do Concelho de Vila do Conde ( freguesias do lado sul do Ave ), algumas do Concelho de Matosinhos e ter posto um pé no Concelho da Maia, espraiou-se nas dunas do Mindelo, entre as praias desta freguesia e da vizinha Árvore, permitindo-nos trazer uma outra barrosã sua companheira para uma propriedade que cultivamos em pleno "Pinhal do Mindelo", a cerca de 6 km de casa. Esta propriedade com 3 ha de "boa" erva, tem também um silo de milho aberto onde duas vezes por semana nos deslocamos para trazer um reboque de silagem da qual também a "fugitiva" comia. Para nosso espanto um dia verificamos que havia "bosta" junto ao silo e este estava comido, com muitas pegadas de vaca ao pé.

Já com a companheira dela aí instalada há três dias vimo-la ao fim do dia ( cerca das 18 horas ) chegar, com o seu porte altivo, de uma enorme elegância, e uma esperteza invulgar. A propriedade tem a forma redonda e está cercada de pinheiros, eucaliptos, mimosas e outras árvores em toda a volta. Ao chegar a "fugitiva" corria até ao meio do campo e olhava em toda a
volta, certificando-se de que não havia ninguém que a incomodasse. Depois disso cheirava e lambia a sua colega por alguns minutos e começava a comer, quando tinha a barriga cheia ia-se embora, não sabemos onde dormia. Apenas sabíamos que de manhã, por volta das 6 a 7 horas voltava a ser vista nos campos junto à fábrica Simens.

Colocámo-lhe cercas, mas ela conseguiu saltá-las e já em "desespero de causa" quando apenas víamos o abate como solução para acabar com esta "novela real", o meu pai com a sua experiência de há muitos anos atrás apanhar os texugos que nos destruíam o milho, estudou os caminhos que ela trilhava e "armou um laço" com um cabo de aço pendurado numa mimosa por
onde ela entrava na referida propriedade, denominada "bouça d’areia" e apanhou-a pelos cornos nesse fim de tarde do dia 18 de Fevereiro de 2005.

Curioso foi apanhá-la na nossa propriedade a 6 kms de casa.

Constantino Silva

sexta-feira, março 18, 2005

Vaca Barrosã fugiu de Macieira da Maia há três semanas

Literatura popular do mais alto gabarito, publicada no Terras do Ave:

"Hoje tenho que escrever sobre algo de insólito que nos aconteceu.

Somos detentores de uma dúzia de animais de raça minhota (galega), para produção de carne.
Com a Reforma da PAC e a introdução do regime de pagamento único, é possível aumentarmos o encabeçamento devido à libertação de áreas da cultura do milho.
Acresce o facto de haver uns milhares de direitos de vacas aleitantes para distribuir, a quem se candidatar, dentro das regras estabelecidas, podendo o produtor apresentar um plano de crescimento para três anos.

Compramos a primeira vaca minhota em 1996 e desde essa altura que temos apresentado todos os anos pedidos de quota à Reserva Nacional, ou como agora, a pacotes especiais de direitos atribuídos por Bruxelas ao Estado Português, para todo o território nacional.
Em 1997 recebemos 0,2 direitos da reserva nacional; Em 2000 recebemos 5 direitos de um pacote especial.
Em 2004 recebemos 1,8 direitos de outro pacote especial, atribuídos porque tínhamos inscritas no livro genealógico da raça minhota 7 animais e apenas tínhamos quota de aleitantes para 5,2.
Actualmente temos 7 direitos de vacas aleitantes, mas como vão ser distribuídos mais, de um pacote de 45.000 direitos, para todo o País e há a hipótese de apresentar um plano compromisso de crescimento para três anos, candidatamo-nos a mais 8 direitos.

Foi esta vontade de crescer e mostrar que também as vacas aleitantes são uma alternativa para quem abandona o sector leiteiro ou não tem condições para entrar nele, que nos levaram a Ponte de Lima, para comprarmos mais 2 vacas minhotas.

O nosso informador no local, levou-nos à povoação de Escusa, na freguesia de Cabração, no cimo da Serra d’Arga, junto à Senhora do Minho.
Aí encontramos um rebanho de 11 animais, 8 adultas (das quais 2 eram barrosãs) 2 novilhas e um vitelo.
Conduzidos da Serra pelo agricultor/pastor de 73 anos muito curvado, pelo peso da canseira diária e dos quilómetros que tinha que percorrer com os seus animais para lhes matar a fome. Foi fácil o contacto e a conversa. Quando lhe perguntamos se queria vender 2 vacas, ele respondeu de imediato que as vendia todas, mas teríamos de falar com o seu filho que vivia em Gaia, para onde tinha também ido a sua mulher devido a problemas de saúde.

O nosso interlocutor vivia sozinho e a povoação tinha pouco mais de uma dúzia de pessoas. Falamos com o filho e fizemos o negócio. No dia 23 de Dezembro de 2004 trouxemos todos os animais para Macieira e o filho levou o pai para Gaia onde na "Graça de Deus", deve ter passado o Natal mais descansado.

À chegada dos animais desparasitámo-los e demos-lhe um "choque vitamínico".
O seu estado era muito débil e como não sabíamos se tinham problemas de saúde, pusemo-los em quarentena para lhes tirar sangue para analisar e ver o seu comportamento e adaptação alimentar e ao meio.

Até aqui tudo normal, se não fosse o facto de uma das duas barrosãs ter fugido no dia 23 de Janeiro de 2005, precisamente um mês depois da sua chegada à nossa exploração.
As minhotas adaptaram-se bem e começaram a melhorar a "olhos vistos", mas as barrosãs não.
Na tentativa de lhes melhorar os "aposentos" chamamos um transportador para as mudar para outras instalações, mas quando entram para o transporte uma resolveu atirar-se a baixo e fugir. Logo nesse primeiro dia correu as freguesias de Macieira e Fornelo até ao lugar do "bicho" onde deixamos de a ver. Na terçafeira estava junto à Agrária em Vairão e Fajozes onde tentamos fazer-lhe um cerco mas em vão pois fugiu-nos para Árvore.
Nessa noite de terça-feira vimo-la em Gião, Malta e Canidelo onde voltamos a perde-la cerca das 21horas.
Às 22,30 horas, estava novamente ao cruzeiro de Fajozes onde foi vista em direcção à Igreja.
No dia seguinte foi vista no lugar da Areia, em Árvore e depois estivemos quase uma semana sem saber por onde andava. Ouvíamos falar que foi vista em Pampelido, em Labruje e em Vila Chã.
Nós só a vimos novamente na quinta-feira, dia 3 de Fevereiro, na reserva de Mindelo, depois de alertados por agricultores desta freguesia.

Como ela se fixou aí, resolvemos falar com o Parque Zoológico da Maia que disponibilizou três pessoas entre elas uma Veterinária e um técnico com experiência para a tentar anestesiar, mas não conseguimos.

Hoje, 13 de Fevereiro ainda não conseguimos deitar-lhe a mão apesar das inúmeras armadilhas" que lhe preparamos.
Continuamos empenhados e a fazer todos os esforços possíveis para a apanhar viva.
Agradecemos a colaboração de todos os que têm ajudado e pedimos desculpas pelos estragos que a vaca tenha causado, nomeadamente a erva que rouba e pisa aqui e ali.

Voltaremos a dar notícias no próximo número.

sexta-feira, março 04, 2005

Areeiros



Entretanto muita tinta continua a correr sobre o assunto... os vários pareceres e relatórios elaborados (LNEC, Parlamento...) concluiram que a principal causa da queda da ponte foi a extracção das areias.

Em Março de 2004 os familiares das vítimas desistiram das acusações contra os areeiros (!!!). Poucos dias depois o juiz de instrução Nuno Melo opta por não pronunciar nenhum dos 29 arguidos no processo e os familares ficam revoltados (???).

Entretanto o Tribunal da Relação do Porto revogou a decisão de arquivamento do processo e faz sentar no banco dos réus os técnicos da ex-JAE e os responsáveis da ETCLDA. De fora ficam as empresas de extracção de inertes. O advogado deles comenta que os areeiros “não poderiam ser responsabilizados por um dever de fiscalização que não lhes competia”. Por outras palavras, como não havia fiscalização, foi "fartar vilanagem". A partir de agora os culpados são os polícias, porque não impedem os assaltos, e não os assaltantes...
Relativamente a esta questão, e ao contrário de outros momentos, o Presidente da Câmara de Castelo de Paiva mostrou-se particularmente discreto...

Mas vamos ser justos. Com toda a probabilidade os areeiros respeitaram sempre os limites impostos e nunca suspeitaram que a sua actividade pudesse ter qualquer impacto. Para termos certezas basta ir visitar a Reserva Ornitológica de Mindelo, onde os mesmo areeiros continuam a trabalhar.

A Voz ao Povo de Entre-os-Rios



Faz hoje 4 anos. Caiu uma ponte, morreram 59 pessoas. Partilho o "texto de revolta" que escrevi em Março de 2001:

"Geralmente todos os grandes acidentes surgem na sequência de um número elevado de situações que, tragicamente, fazem coincidir os seus efeitos nefastos num determinado momento. Também relativamente à “tragédia da ponte” terá acontecido o mesmo: o Inverno tempestuoso, a fiscalização insuficiente, as descargas excessivas das barragens, a extracção e a acumulação das areias, a idade da ponte, a utilização que não estava prevista... todos os factores juntos, fazendo sentir os seus efeitos crónicos e agudos, provocaram a queda. Provavelmente nenhum deles isoladamente seria suficiente e por isso deveremos evitar simplificações dos acontecimentos que sejam injustas.

O que há a fazer neste momento, para além de tentar atenuar o irremediável, é evitar que novas situações semelhantes surjam procurando soluções de fundo. Podemos sempre instalar modernos aparelhos de controlo em todas as pontes e barragens, monitorizados à distância por numerosos técnicos qualificados e atentos, nacionais e estrangeiros, realizar visitas in loco todos os meses e inspecções rigorosas e exaustivas. Fazer grandes campanhas de sensibilização junto dos areeiros explicando-lhes os seus limites, que o lucro fácil é pecado, e prender os infractores, criar novos institutos e novas leis, mais quadros técnicos, novos programas de intervenção e fiscalização, fazer mais uma rodagem nas posições dos políticos. Tudo deveria ser começado pela substituição de todas as pontes com mais de cinco anos por pontes novas. Sem esquecer de controlar o clima e o azar.

Um interessante passatempo pode ser dividir as propostas acima em ingénuas, de fachada, insuficientes, de comprovada ineficácia, demasiado caras, complexas, impossíveis ou apenas irónicas.

Se pudéssemos voltar atrás no tempo (o que nem sequer com 10 milhões de pessoas a desejar ao mesmo tempo foi possível), o que é que teria de facto evitado que a ponte caísse? E já agora que fosse simples e barato?

Na verdade teria bastado ouvir os avisos das populações. E foram muitos e repetidos, chegando ao cúmulo de ter pessoas a serem chamadas ao tribunal no dia em que aparecia o primeiro corpo, acusadas de terem cortado o trânsito na ponte para chamar a atenção para a necessidade urgente de intervir.

Só as pessoas que vivem ao lado da ponte, que por lá passam todos os dias, que tantas horas passaram a olhar para ela, a contar histórias com a ponte como personagem, a ver trabalhar os areeiros e passar os camiões, a sentir os tremores e os ruídos e até os cheiros, dia após dia, só essas pessoas podem sentir o que nenhuma equipa de manutenção pode averiguar, o que nenhum técnico pode prever, o que nenhum político pode alguma vez reparar, e mesmo sem saber explicar porquê, essas pessoas sabiam que a ponte estava em perigo. E disseram-no.

E ninguém ouviu e ninguém fez nada. Porque em Portugal não são os cidadãos que mandam. É a tentação do lucro fácil, o bloqueio da burocracia, a sede de protagonismo dos políticos, na defesa de interesses que nada têm a ver com os das populações. Se as pessoas pudessem participar nas decisões colectivas que afectam directamente os seus interesses, se tivessem as suas cartas e abaixo-assinados à administração considerados, se as ouvissem, se fossem promovidos inquéritos de opinião para definir prioridades de investimento, promovidos referendos e assembleias... se os técnicos e os políticos tivessem parado para ouvir os berros de aviso dos cidadãos de Castelo de Paiva e intervindo de acordo, não havia idade da ponte, areeiro ou mau tempo que a deitasse abaixo, e nem sequer eram necessárias inspecções.

Este é o verdadeiro motivo estrutural e fundamental porque a ponte caiu: porque em Portugal não são as pessoas que mandam.

Desenganem-se os que acham que é uma questão de interioridade, porque nas cidades também as pessoas não são ouvidas e, se se gasta mais, também se gasta muito pior, assim como não são melhores os dramas diários que se vivem.

Para inverter esta situação é preciso admitir que a sabedoria colectiva dos cidadãos, integrada com o conhecimento técnico, vale mais que a decisão isolada do líder político fechado no gabinete, por mais reflectida e isenta que esta seja.

A possibilidade que temos hoje de de vez em quando escolher o menos mau dos candidatos eleitorais e votar em referendos esotéricos sabe a pouco e não é motivador. Sem formação nem informação, sem qualquer possibilidade real de influenciar as decisões, não se pode esperar que as pessoas assumam a política e participem. Quando em situação de desespero ou alvo de manipulação, os cidadãos acabam por optar pela única via que tem dado resultados: queimar pneus e chamar a televisão (aliás em ordem inversa). Obviamente esta é uma forma deturpada e não desejável de participação.

A implementação de um novo modelo de decisão participativa seria fácil, porque hoje já existem as ferramentas necessárias, mesmo em Portugal, e é impossível fechar os olhos aos exemplos de sucesso. Além do mais os técnicos, há muito bloqueados pela politiquice, receberiam certamente de braços abertos as prioridades definidas directamente pelos cidadãos.Mas no final talvez fôssemos obrigados a concluir que os políticos, tal qual os conhecemos, afinal não fazem falta nenhuma, antes pelo contrário. Que bem os poderíamos substituir por técnicos treinados para ouvir os interesses dos cidadãos. Poupando-se muito dinheiro, muita paciência e evitando que muitas das pontes caíssem."