quinta-feira, fevereiro 15, 2007


"A determinada altura, Alexander caiu estendido de bruços, esgotado, gemendo. Tinha os músculos tensos, o sangue latejando-lhe nas fontes, dorido cada nervo do seu corpo. Não conseguia raciocinar, sentia que a cabeça ia explodir-lhe por falta de ar. (...) Por um tempo eterno, as trevas penetraram-lhe na mente e perdeu o rumo, chamando a morte sem voz, derrotado. E então, quando o seu espírito se afastava na escuridão, a voz do pai abriu caminho por entre as brumas do seu cérebro e chegou-lhe, primeiro como um sussurro quase imperceptível, depois com mais clareza. O que lhe dissera o seu pai tantas vezes, quando o ensinava a escalar montanhas?
Quieto, Alexander, procura no centro de ti próprio, onde está a tua força. Respira. Ao inspirar enches-te de energia, ao exalar libertas-te da tensão. Não penses, obedece ao teu instinto.
(...) Concentrou-se em respirar: inspirar energia, sem pensar na falta de oxigénio, exalar o seu terror, descontrair, rejeitar os pensamentos negativos que o paralisavam. Consigo fazê-lo, consigo fazê-lo... repetiu. Pouco a pouco, regressou ao seu corpo. Visualizou os dedos dos pés e começou a relaxá-los um por um, depois as pernas, os joelhos, as ancas, as costas, os braços até às pontas dos dedos, a nuca, os maxilares, as pálpebras. Já conseguia respirar melhor, deixou de soluçar. Localizou o centro de si próprio, um lugar vermelho e vibrante à altura do umbigo. Ouviu os batimentos do seu coração. Sentiu um formigueiro na pele, depois um calor pelas veias, finalmente a força regressou-lhe ao corpo, aos sentidos e à mente."

2 comentários:

Anónimo disse...

Belo e encorajador! Vou tê-lo presente em mim nas horas de caminhada.

Anónimo disse...

Afinal o segredo da nossa resistência física e mental vai no "centro" de nós próprios...Espero que nenhum de nós perca o rumo do seu. Também achei este texto "belo e encorajador"...Se por acaso, em algum momento, me esquecer destas palavras, por favor, alguém que me as recorde. Obrigada Pedro :o)