segunda-feira, março 19, 2007

de Londres para Mindelo

"Olá Pedro,

Provavelmente já não se lembra de mim. (...) Continuo a receber a newsletter dos Amigos do Mindelo e é com bastante agrado que vejo que afinal ainda se fazem coisas com que não são comandadas pelo rápido lucro, visão curta, e desrespeito pelo que a todos é de direito. Para falar a verdade não tenho lido todas as newsletters e daí este email.

Existe alguma informação disponível na net sobre os argumentos que têm sido utilizados para a conseguir evitar destruição do que resta da ROM? Existe alguma coisa também acessível na net sobre os estudos científicos têm sido feitos na ROM? Gostaria de saber como é que o têm conseguido, numa terra onde por norma, as desactualizadas leis em vigor só servem para favorecer alguns "senhores" e promover a construção de um desenvolvimento nada a par com a tão falada sustentabilidade.

O que tenho aprendido por aqui é que "sustentabilidade, conservação e respeito e apreciação pelo resultado de milhões de anos de evolução" não são termos fáceis de entender pelo cidadão comum. É preciso converter isso em factores mais próximos como dinheiro, efeitos na saúde e na qualidade de vida, e vantagens. Um dos problemas de que me tenho apercebido é a falta de uma comunicação acessível entre as mais diversas áreas sempre que é necessário trabalhar em conjunto. Consilience é a termo utilizado pelo cientista Edward O. Wilson sobre esta "área comum" no livro com o mesmo nome. E claro sem comunicação não se chega a lado nenhum.

Os actos de cada um são feitos de acordo com o conhecimento individual. Uma vez alterando esse conhecimento os actos não podem ser os mesmos, e se o forem serão conscientes dos resultados. O que estou a tentar dizer é que o facto de os orgãos de poder tomarem posições que normalmente não favorecem o que a comunidade científica tem vindo a divulgar como sendo o mais acertado é em parte "nossa". É preciso dar a conhecer os diversos problemas, soluções e vantagens numa linguagem acessível a quem as vai interpretar. Se a mensagem passa o conhecimento altera e isso abre as portas necessárias para o que se pretende.

Sei que na prática é bem mais complicado, mas ainda acredito que se mudarmos alguns problemas base bons resultados podem ser obtidos. Não me lembro de quando estava em Portugal de sentir o peso da importância da comunidade científica na comunidade. Talvez se ande demasiado tempo á procura de grandes e famosos feitos para que os estudos sejam divulgados. Acredito que somos um país com muitos cientistas de excelência mas que por alguma razão parecem não existir.

Estou neste momento a fazer um curso de Biodiversidade e Conservação na Universidade de Londres e gostaria de saber um pouco mais sobre aquilo que tem sido feito no nosso país pelo que ainda resta da nossa grande riqueza natural.

Um abraço
Paulo"

1 comentário:

Anónimo disse...

Não serei a pessoa indicada para te dizer o que se está a fazer por cá em relação à conservação da nossa riqueza natural. Mas, julgo poder dizer-te que esperamos todos que consigas fazer alguma coisa...Não! Não és Deus! Também não! Não está assim tão mal. Mas, com mais uma vontade quase que conseguimos mover o tempo. Um abraço Paulo!